Tendência Hipermediática

Actualmente, a utilização de computadores em educação já se tornou familiar. Munidos de software's complexos e iterativos, desenvolvidos por equipas multidisciplinares, os computadores podem executar tarefas de ensino. Podem também simular interacções dialogando com o estudante.
Este tipo de programas têm ainda a possibilidade de apresentar situações variadas a um estudante e de reagir às suas respostas ou às suas perguntas. Neste momento, o computador até poderá aprender com um estudante enquanto o ensina. Com um grande desenvolvimento, o computador poderá tornar-se mesmo um gestor de um conjunto de várias fontes de informação, daí a expressão hipermediática.
Uma das origens desta tendência, foi a utilização dos media no ensino, sendo que a teoria da comunicação é a sua principal fonte. Outra das origens, foi a teoria do condicionamento operante de Skinner, em que ele diz que "uma boa aprendizagem depende sobretudo de um bom ambiente de aprendizagem". Quanto mais eficaz for o ambiente, tanto melhor será a aprendizagem. Este tipo de modelos foi bastante usado nos anos 70, nos entanto, as teorias construtivistas da aprendizagem, em conjunto com o desenvolvimento do software, vieram modificar a ideia que se tinha de um ambiente de ensino.
Com o aparecimento destas tendências e modelos nelas baseados, surge o conceito de software educativo em vários moldes, entre os quais se destacam os sistemas tutores e os sistemas abertos.
Os sistemas tutores, tendem normalmente a simular a interacção estudante-professor, o comportamento do estudante, ou ainda as várias etapas de aquisição do conhecimento. Estes programas tendem a formalizar o processo de aprendizagem, considerando que a aprendizagem é um conjunto de unidades independentes de perguntas-respostas. Este tipo de abordagens, tende a esquecer que o estudante é imprevisível e pretende uma maior liberdade.
Para tentar resolver estes problemas, surgiram os ambientes abertos, em que o estudante pode interagir com o computador e experimentar para aprender. O principal exemplo deste tipo de sistemas é a linguagem LOGO. Em 1980, Papert, inspirado pelos trabalhos de Jean Piaget, criou um ambiente de aprendizagem, no qual as crianças conseguem aprender a dominar conceitos matemáticos fundamentais, "brincando" com uma tartaruga.
A "abertura" do software educativo, levantou alguns problemas, entre os quais o de o estudante poder ficar a "navegar" pelo software durante horas sem utilizar a sua vertente educativa, logo sem existir aprendizagem. Surgiram alguns estudos sobre este assunto, tendo nascido assim um modelo de formação designado por formação mínima. Uma vez que os estudantes utilizadores de computadores são naturalmente inclinados para a exploração, os teóricos desenvolveram vários modelos de aprendizagem, entre os quais os de exploração livre, dirigida, de descoberta, etc. um dos princípios básicos destes modelos é: é necessário fornecer menos ao aluno para que ele tenha mais sucesso, isto é, aprendemos melhor uma teoria a praticá-la do que ao estudá-la através da leitura de livros. No inicio o estudante tem uma série de objectivos e interesses que fazem com que salte por cima de numerosas explicações importantes que julga não serem importantes. Normalmente as consequências são bastante más, pois perde um imenso tempo a tentar compreender o que se passa. A formação mínima, deve então guiar o estudante na sua exploração do software.
Estes modelos apresentam algumas recomendações para a criação de um manual mínimo e uma formação mínima de aprendizagem:

As teorias tecnológicas, influenciadas inicialmente pela sistémica e pela hipermediática, encontram-se neste momento perante um problema: a perda de controle, por parte do professor, do processo educativo. Actualmente assiste-se, ao que posso considerar uma transferência de poder sobre o acto educativo, dos professores para outras pessoas, que são os teóricos da informática, conselheiros pedagógicos, etc. Uma questão importante é quem controla actualmente o processo educativo? O problema do professor deixou de ser não só os meios, mas o do controle da tecnologia. Assiste-se neste momento, em muitos casos ao regresso a tecnologias consideradas mais seguras para o professor, como sendo o caso dos acetatos, pois permitem um maior controle do processo educativo. Não podemos esquecer que os novos ambientes hipermediáticos fazem a transferência do acto educativo do professor para o estudante. Como lidar com estes problemas?